1990
É quase impossível contar a história de Londrina nos anos 1990 sem mencionar, com o devido destaque, a boate Kalahari. Quando o tema é a noite londrinense, a Kalahari está no topo da lista. Essa casa noturna fez da rua Teresina um dos endereços mais visitados da cidade por mais de uma década.
Seu público e sua fama ultrapassavam as divisas de Londrina. É possível considerar a boate Kalahari uma verdadeira lenda urbana que definiu a era de ouro da house music na cidade. Nascida das cinzas de uma antiga retífica de motores de caminhão no fim da década de 1980, a Kalahari foi um fenômeno cultural, um templo da música e do encontro juvenil que transcendeu as expectativas de seus fundadores e do próprio DJ Suzuki, a alma por trás das caixas de som.
O DJ Suzuki, um ícone da discotecagem londrinense, foi peça chave desde o início, imergindo no projeto com uma visão inovadora que mais tarde iria definir a identidade musical da boate. Com discos de vinil importados a um custo de 20 dólares cada, e com os lançamentos atualizados quinzenalmente, ele trouxe o frescor da house music ainda nascente, uma aposta que se revelou um acerto único. A seleção musical, feita cuidadosamente para cativar principalmente o público feminino e fugir do convencional, tornou-se o coração pulsante da Kalahari.
A boate, com sua ousadia musical e sua capacidade de reunir diversidade, era mais que um espaço para dançar; era um ecossistema vibrante onde pessoas de diferentes idades e backgrounds se encontravam para partilhar experiências, paquerar e, claro, apreciar a boa música. Com portas abertas até o amanhecer, a Kalahari oferecia uma imersão completa na noite londrinense, deixando para trás um rastro luminoso de memórias inesquecíveis para aqueles que por lá passaram.
No entanto, como muitas histórias lendárias, a Kalahari enfrentou o inexorável ciclo de mudança. Com o surgimento de festas universitárias e a transformação dos hábitos de diversão noturna, a boate viu seu esplendor se atenuar, culminando com o seu fechamento e, assim, o fim de uma era.
Fontes: Acervo Folha de Londrina / Blog Londrinando / Acervo Londrina Histórica.
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