Londrina

A engenharia da solidariedade: como Londrina construiu sua Santa Casa

1936


Se hoje a Santa Casa de Londrina é um dos pilares da saúde da cidade, poucos imaginam que sua construção foi, antes de tudo, uma obra erguida na base da solidariedade, da persistência e da mobilização comunitária. Uma verdadeira engenharia social que começou a tomar forma em 1936.

A necessidade de um hospital filantrópico era consenso. O pequeno hospital da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) atendia apenas funcionários da empresa. Mas como financiar um projeto tão ambicioso? Naquele tempo, nem a CTNP, nem a Prefeitura, nem o governo estadual tinham condições de bancar a obra.

Foi então que surgiu uma proposta ousada: mobilizar a própria sociedade. O projeto ganhou força quando o professor de datilografia Joaquim Petrole e o vereador Honório Martins Ribeiro levaram a ideia ao diretor da CTNP, Arthur Hugh Muller Thomas. Intermediado pelo jornalista Puiggari Coutinho, esse encontro resultou na criação da Sociedade Beneficente de Londrina, em 3 de março de 1936.

A CTNP doou um terreno generoso: 12.075 metros quadrados — uma quadra inteira, equivalente a 24 lotes. Coube então à recém-formada Comissão Pró-Construção do Hospital de Londrina a missão de arrecadar os recursos. E Londrina se mobilizou. Foram promovidas quermesses, rifas, torneios de futebol, almoços, jantares e até bailes. Um clube, o Londrinense — carinhosamente chamado de “Redondo” —, foi criado exclusivamente para angariar fundos. O município colaborou criando uma taxa sobre os impostos, e "caixas de esmolas" foram distribuídas pelo comércio local.

Ainda assim, nem tudo foram flores. O entusiasmo arrefeceu após a viagem de Arthur Thomas à Inglaterra. Outras demandas disputaram atenção: o Hospital dos Indigentes, a nova Igreja Matriz e até uma cadeia pública. Somente em 1941 a Santa Casa ganhou status jurídico definitivo, e no ano seguinte, com o apoio até dos escoteiros e bandeirantes locais, as obras finalmente começaram.

A pedra fundamental foi lançada em 10 de março de 1942. E, assim, uma cidade inteira mostrou que construir um hospital também é um ato de cidadania.

Fontes: José Antônio Pedriali. Uma viagem através do tempo. Do pioneirismo à modernidade: evolução dos serviços médicos de Londrina. Londrina: Museu Histórico de Londrina, Unimed, 2021. 123 p. / Acervo Londrina Histórica.

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