Na década de 1960, Londrina pulsava em torno de sua majestosa Igreja Matriz, ainda em pé onde hoje se ergue a atual Catedral Metropolitana. Na fotografia, um recorte precioso do passado urbano londrinense, vemos o taxista Luciano Ferracini, de terno escuro bem passado, gravata e olhar firme, ao lado de seu carro, um imponente sedã americano, provavelmente um Ford Customline da década de 1950. Juntos, homem e máquina, compõem uma cena que transcende o ordinário: são personagens vivos do “Ponto Chique”, referência entre os taxistas da cidade naquela época.

A imponência da entrada da Igreja Matriz é marcante. As linhas góticas do arco de concreto, pesadas, simétricas, protetoras, contrastam com a leveza da luz que banha a fachada. A escultura em relevo de Cristo com os braços abertos, acima da porta principal, dava as boas-vindas aos fiéis e aos anônimos transeuntes.

O chão de paralelepípedos, bem ajustados como peças de um quebra-cabeça urbano, completa o cenário de um tempo em que a pressa ainda não havia vencido a contemplação. Era o tempo dos taxistas de confiança, que sabiam o nome da família do passageiro, conheciam os atalhos e, às vezes, aconselhavam como um velho amigo. O “Ponto Chique” era tanto um ponto de táxi quanto um núcleo de histórias, onde se falava de futebol, política, festas e fé.

Luciano Ferracini representava um estilo de vida que hoje soa quase poético: o ofício honrado, o carro como extensão da dignidade, e a cidade como palco de relações humanas verdadeiras. Essa imagem, quase cinematográfica, é um registro fotográfico e um relicário visual de uma Londrina que ainda vive nos olhos de quem se lembra.

Fontes: Blog “Londrina Foto – Memória” / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Foto: Acervo Maria Elena Bonzanino / Acervo Londrina Histórica.

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