Maringá

A Fazenda Bulla e seu processo de urbanização

1941

Com texto de Marco Antonio Deprá

A imigração italiana no Brasil começou oficialmente em 21/02/1874, quando 386 italianos de origem trentina e vêneta, que haviam embarcado no navio La Sofia, no Porto de Gênova, na Itália, desembarcaram no Porto de Vitória, no Estado do Espírito Santo.

Até a década de 1930, cerca de 1,6 milhões de italianos chegariam ao Brasil. Em sua maioria, se estabeleceriam nos Estados do Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo.

Em terras gaúchas, fixaram-se em pequenos lotes próprios, situados em colônias agrícolas. Nos Estados do Sudeste, foram trabalhar como empregados ou parceiros em fazendas de café, atraídos por uma imigração subvencionada, para suprir a demanda de mão de obra, principalmente após a abolição da escravatura.

Os irmãos Giuseppe e Luigi Bulla, nascidos em Trezzano Rosa, cidade situada na província de Milano, na região da Lombardia, noroeste da Itália, também fizeram parte dessa história. Partiram do Porto de Gênova rumo a América, a bordo do vapor D. Abruzzi.


Em amarelo, o território da região da Lombardia, com sua capital Milão, situada ao norte da Itália, em verde, cuja capital é Roma. O mapa também mostra a localização de Gênova, porto de partida dos Bulla para o Brasil.


Em amarelo, o contorno do território da região da Lombardia, com sua capital Milão. A cidade de Trezzano Rosa está situada a cerca de 30 km, a leste de Milão.

Em 15/10/1913, Giuseppe e Luigi Bulla, suas esposas e filhos chegaram ao Brasil, no Porto de Santos, no litoral paulista. Ao todo, a família contava com 16 pessoas:

Giuseppe (José), nascido em 29/03/1872, sua esposa Luigia (Luísa) Verderio, nascida em 15/12/1876, e seus filhos:
Giovanni Battista (Baptista), nascido em 13/01/1898;
Maria Laura, nascida em 10/02/1900;
Ambrogio (Ambrósio), nascido em 02/12/1901;
Carlo (Carlos), nascido em 25/11/1904;
Ettore, nascido em 28/02/1907;
Angela (Angelina), nascida em 29/06/1910;
Enrichetta (Henriqueta), nascida em 12/06/1912; e
Enrico (Henrique), nascido durante a viagem, em 10/10/1913.
Luigi, nascido em 11/09/1875, sua esposa Isolina Biffe, nascida em 29/09/1878, e seus filhos:
Luigia, nascida em 25/12/1901; 
Giuseppa, nascida em 06/06/1903; 
Francesco (Francisco), nascido em 18/08/1906; e 
Camillo, nascido em 01/04/1910.


Giuseppe e Luigi foram os dois únicos filhos de Carlo Bulla e Carolina Verderio a migrarem para o Brasil. Na Itália ficaram seus pais e os irmãos Maria Adelaine, Primo Domenico, Giovanni, Laura Maria, Ambrogio e Camillo Francesco.

Os Bulla subiram a Serra do Mar pela Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, construída pela empresa inglesa São Paulo Railway – SPR.


Em amarelo, a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, porta de entrada dos imigrantes para o interior do Estado de São Paulo.

Em Jundiaí (SP), tomaram o trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro até Araraquara (SP).


Em verde, a Estrada de Ferro Jundiaí – Araraquara, da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, que liga importantes cidades do interior paulista.

No dia 24/11/1913, Giuseppe Bulla registrou, no Cartório Civil de Araraquara, seu filho Enrico (Henrique), nascido em 10/10/1913, durante a travessia do Atlântico.

Em Araraquara, a Família Bulla tomou o trem da Estrada de Ferro de Araraquara com destino à região de Santa Adélia (SP). Essa ferrovia havia começado a ser construída em 1896 e, em 1912, seus trilhos já tinham chegado a São José do Rio Preto (SP), cuja estação havia sido inaugurada em 09/06/1912.


Em branco, a Estrada de Ferro de Araraquara, mais conhecida como Araraquarense, que, na primeira década do Século XX, levou o desenvolvimento a uma nova fronteira agrícola na região central paulista, onde foram implantados cafezais.

Os Bulla desembarcaram na Estação Ferroviária de Santa Adélia, que havia sido inaugurada em 31/12/1909.

Em 1913, quando os Bulla chegaram à região, Santa Adélia era um pequeno povoado que havia sido elevado a distrito, em 23/12/1910, subordinado ao município de Taquaritinga (SP).

Foram trabalhar para Luigi Pirola, italiano nascido em Trezzano Rosa, mesma cidade de origem da família Bulla. Luigi Pirola havia chegado ao Brasil 30 anos antes, em 13/02/1883, e se tornado proprietário rural.

A propriedade rural onde os Bulla foram trabalhar situava-se na vizinha região de Ariranha, localidade que havia sido elevada a distrito em 30/11/1907, vinculado ao município de Monte Alto (SP), vizinho ao município de Taquaritinga.


Localização das regiões de Santa Adélia e Ariranha, onde os Bulla foram trabalhar como parceiros de Luigi Pirola.

No dia 23/11/1915, nasceu Maria, quinta filha do casal Luigi Bulla e Isolina Biffe. Foi registrada no Cartório de Santo Adélia (SP), sendo a primeira da família a nascer no Brasil.

No dia 03/08/1916, nasceu Luiz, último dos nove filhos do casal Giuseppe Bulla e Luigia Verderio, o único a nascer no Brasil. Também foi registrado no Cartório de Santa Adélia (SP).

Os primeiros recursos financeiros, fruto do árduo trabalho dos Bulla, foram enviados para os pais e irmãos que ficaram na Itália.


Família de Giuseppe Bulla, possivelmente em 1918, em Ariranha (SP). Ao centro da imagem, o casal Giuseppe Bulla e Luigia Verderio, que tem ao colo o filho Luiz. De pé, da esquerda para a direita os filhos: Enrico (Henrique), Carlo (Carlos), Ettore, Ambrogio (Ambrosio), Giovanni Battista (Baptista), Maria Laura, Enrichetta (Henriqueta) e Angela (Angelina). 

Em 29/05/1919, nasceu Alexandre Bulla, filho de Luigi Bulla e Isolina Biffe, registrado no Cartório de Ariranha (SP). Foi o último dos seis filhos do casal e o segundo a nascer no Brasil.

Pouco tempo depois, os Bulla fixaram residência em outra propriedade rural, na região de Pindorama, localidade próxima a Ariranha.

O pequeno povoado de Pindorama havia sido elevado a distrito em 29/12/1917, vinculado ao município de Santa Adélia, que havia sido emancipado de Taquaritinga, em 22/03/1916.


Localização de Pindorama, nova região onde os Bulla se estabeleceram, ainda como trabalhadores parceiros.

Na primeira metade da década de 1920, Luigi Bulla faleceu em consequência de um câncer, diagnosticado por um médico de Araraquara (SP).  Luigi deixou a viúva e seis filhos. Não há registros da data e local de seu falecimento. Os cartórios de registro civil da região de Pindorama foram consultados, mas não localizaram o registro do óbito.


Luigi Bulla – não datada – Acervo: Luíza Bulla Mazzini.

Em 1925, após 12 anos de trabalho em sistema de parceira com o proprietário da terra, a família Bulla conseguiu reunir recursos para adquirir dois lotes rurais em Santo Anastácio, no oeste paulista. Giuseppe adquiriu 10 alqueires paulistas e Isolina Biffe, viúva de Luigi Bulla, outros 5 alqueires.

Nova fronteira agrícola do Estado de São Paulo, a região de Santo Anastácio estava começando a ser colonizada, com o avanço da Estrada de Ferro Sorocabana, que começou a ser construída em 02/02/1870, para ligar a cidade de São Paulo ao oeste paulista.

A Estação Ferroviária de Santo Anastácio havia sido inaugurada em 25/07/1920 e os trilhos da Sorocabana já haviam chegado ao Rio Paraná, em Presidente Epitácio (SP), cuja estação havia sido inaugurada em 01/05/1922.


Em azul, a Estrada de Ferro Sorocabana, que, no início da década de 1920, atingia o Rio Paraná, levando o desenvolvimento àquela nova fronteira agrícola na região oeste paulista, onde também foram implantados cafezais.

Em Santo Anastácio, a Família Bulla plantou cafezais e cresceu, com o casamento dos filhos e o nascimento da sua segunda geração em solo brasileiro.


Família de Luigi Bulla, possivelmente em 1930, em Santo Anastácio (SP). Ao centro, a viúva Isolina Biffe. Da esquerda para a direita os filhos Maria, Francesco (Francisco), Camillo e Alexandre. Acervo de Luíza Bulla Mazzini. 

Com o passar dos anos e o esgotamento natural da fertilidade do solo arenoso do oeste paulista, que ainda não havia recebido adubação, muitos cafeicultores da região de Santo Anastácio foram atraídos pela propaganda da Companhia de Terras Norte do Paraná - CTNP, empresa inglesa que estava colonizando o norte do Estado do Paraná, e que oferecia terras férteis, a custo baixo e pagamento facilitado.

No início de 1941, o Norte do Paraná estava sendo colonizado a partir da cidade de Londrina, situada próxima à margem esquerda do Rio Tibagi. À época, a região era considerada o novo Eldorado, propícia a cultura cafeeira.

Havia uma estrada rodoviária de penetração, muito precária, denominada Estrada Mestre, que estava sendo construída dentro do território da CTNP, no sentido leste-oeste. Uma ferrovia também estava sendo construída. Naquela época, ela já ligava a Estação Ferroviária de Ourinhos (SP) à localidade de Arapongas (PR), cuja estação havia sido inaugurada em 01/01/1941.


Em cinza, a área colonizada pela CTNP, entre os rios Paranapanema e Ivaí. Em branco, o trecho da ferrovia já em funcionamento no início de 1941, ligando Ourinhos, em São Paulo, a Arapongas, então uma localidade dentro do município de Londrina, no Paraná. Em marrom, a Estrada Mestre, que tinha início em Londrina, cortava a região paralela à ferrovia e cuja construção já atingia o Km 127, onde atualmente encontra-se a cidade de Maringá. 

A CTNP já tinha fundado diversos núcleos urbanos, dentre os quais: Londrina, Cambé, Rolândia, Arapongas, Apucarana e Mandaguari.

Depois de 16 anos labutando em Santo Anastácio, a Família Bulla decidiu adquirir terras no vale do Rio Pirapó, no município de Londrina, no Norte do Paraná. 


Em verde, o território do município de Londrina, criado em 03/12/1934. A área do novo município abrangia todo o território da CTNP, além de outras glebas limítrofes. Dentro do vasto município, a CTNP já havia criado diversos núcleos urbanos, como Londrina, Cambé, Rolândia, Arapongas, Apucarana e Mandaguari.

Em 04/04/1941, a Família Bulla adquiriu dois lotes rurais, situados na confluência da Estrada Guaiapó com a Estrada Mestre, na Gleba Sarandi:

Giovanni Battista (Baptista), Ambrogio (Ambrósio), Carlo (Carlos), Ettore, Enrico (Henrique) e Luiz Bulla, filhos de Giuseppe Bulla, adquiriram o lote nº 277, de 60 alqueires; e
Francesco (Francisco), Camillo e Alexandre Bulla, filhos de Luigi Bulla, adquiriram o lote nº 275, de 30 alqueires. 

Dias antes, no dia 24/03/1941, o amigo Paschoal Galli, de Santo Anastácio (SP), também adquiriu o lote nº 276, de 5 alqueires paulistas, situado entre os lotes dos Bulla. A rigor, a CTNP não vendia lotes com área inferior a 10 alqueires naquela região, porém, atendendo ao pedido dos Bulla, consentiu vender a pequena área a Paschoal Galli.

Em vermelho, a área da Fazenda Bulla, situada na confluência da Estrada Guaiapó com a Estrada Mestre, no município de Londrina, situada a cerca de 30 Km da localidade de Mandaguari e a 80 km da Estação Ferroviária de Arapongas.


Em verde, o lote nº 277, de 60 alqueires, adquirido pelos filhos de Giuseppe Bulla. Em amarelo, o lote nº 275, de 30 alqueires, adquirido pelos filhos de Luigi Bulla. Em laranja, o lote nº 276, de 5 alqueires, adquirido por Paschoal Galli, amigo da família Bulla. Os três lotes tinham acesso à água do Córrego Guaiapó, tributário do Ribeirão Sarandi, que, por sua vez, deságua no Rio Pirapó.

A CTNP havia começado a vender lotes rurais nessa região três anos antes, em 1938. Os primeiros lotes, que formariam a Fazenda São Bonifácio, de propriedade do padre alemão Emilio Clemente Scherer, foram vendidos pela CTNP em 12/05/1938. Após outras aquisições, em 30/12/1939, o padre compraria um último lote. A área da fazenda totalizou, então, 318,71 alqueires paulistas.

No ano seguinte, em 14/06/1939, a CTNP vendeu a Torao Taguchi um lote rural na Estrada Guaiapó. A Família Taguchi foi a primeira a se instalar nessa região. Em 31/01/1943, seu irmão Jiro Taguchi compraria o lote vizinho, aumentando a área do sítio da família.


Mapa com as localizações da Fazenda São Bonifácio (em rosa), do sítio da Família Taguchi (em azul), da Fazenda Bulla (em verde e amarelo) e do sítio de Paschoal Galli (em laranja).

Em 1942, cerca de um ano após comprar as terras, Enrico (Henrique) Bulla veio à região para conhecer detalhadamente a área, ainda coberta de mata virgem. Viajou de trem até Apucarana (PR) e, de lá, até Mandaguari, de ônibus. Caminhou até a fazenda, percorrendo cerca de 30 km a pé. Ficou hospedado no sítio da Família Falavigna, amigos de Santo Anastácio, que já estavam instalados na região da Estrada Guaiapó.

No final daquele ano, em 10/11/1942, a CTNP fundou, no Km 127 da Estrada Mestre, a Vila Macuco, também conhecida como Vila Pinguim, pequeno núcleo urbano que serviria de base para a fundação da futura cidade de Maringá. Naquele dia foi inaugurado o Hotel Campestre, que tinha em sua fachada uma placa com o nome “Maringá”.


Em branco, à esquerda, vê-se a Vila Macuco, ou Vila Pinguim, fundada em 10/11/1942 e atualmente denominada Maringá Velho.


Solenidade de inauguração do Hotel Campestre, em 10/11/1942. Fonte: Museu da Bacia do Paraná.


Hotel Campestre, com a placa “Maringá” em sua fachada lateral. Fonte: Museu da Bacia do Paraná. Década de 1940.

Em 30/12/1943, a região de Maringá passou a pertencer a Apucarana, localidade elevada a município naquela data. À época, a construção da ferrovia estava paralisada desde 01/11/1942, quando da inauguração da Estação Ferroviária de Apucarana.


Em rosa, o território do município de Apucarana, criado em 30/12/1943. À época, a região de Maringá já estava ligada, por uma estrada rústica (em amarelo), ao Porto São José, no Rio Paraná, que também passava pela localidade de Fazenda Brasileira, cujo nome seria alterado, em 19/04/1944, para Paranavaí, quando da inauguração daquele núcleo colonial empreendido pelo Governo do Paraná. Em branco, a ferrovia que, à época, chegava até Apucarana.


O termo “Maringá” apareceu pela primeira vez e um Mapa Oficial do Estado do Paraná somente em 1944. Rolândia teve sua denominação alterada para Caviúna em 30/12/1943, quando foi elevada a município. Coletânea de Mapas Históricos do Paraná, do Instituto Água e Terra – IAT.

Em 13/06/1944, Ambrogio (Ambrósio) Bulla, já viúvo, com sua segunda esposa, Angelina Maria Lanaro, seus filhos e um enteado, foram os primeiros da família a transferir residência para Maringá. 

A viagem de Santo Anastácio (SP) a Apucarana (PR) foi feita de trem. A família ficou hospedada, por uma semana, em uma pensão em Apucarana, aguardando os baús com seus pertences, que haviam sido despachados na Estação Ferroviária de Santo Anastácio.

Ao chegarem à propriedade, que já contava com um pequeno galpão, construído com troncos de palmito e coberto com tabuinhas de cedro, junto com os filhos mais velhos, Ambrósio fez a derrubada de três alqueires paulistas do lote nº 277. Em seguida, contratou trabalhadores para continuar a derrubada da mata, construir casas e iniciar o plantio de café.  

Ficou decidido que cada filho de Giuseppe e Luigi Bulla teria seu próprio talhão de terra para trabalhar. 


Família de Ambrogio (Ambrósio) Bulla, terceiro filho do patriarca Giuseppe Bulla. Da esquerda para a direita: Enrica (Henriqueta), a sua primeira esposa Maria Rigoldi com o filho Ricardo no colo (falecido aos 4 anos de idade), Tílio (Atílio), Carolina Henrica e o pequeno Angelo à frente, Ambrósio Bulla e o filho Augusto Bulla. Acervo da Família de Augusto Bulla. Data: possivelmente na segunda metade da década de 1930.

Naqueles tempos pioneiros, os moradores da região tinham que ir a Mandaguari para adquirir os artigos de primeira necessidade. Mas logo a Vila Macuco, então já conhecida como Maringá, foi se desenvolvendo e começaram a surgir os primeiros estabelecimentos comerciais para atender aos pioneiros da região. Foi o caso da Casa Napoleão, de Napoleão Moreira da Silva, e da Casa Planeta, de Ângelo Planas.

Em 25/08/1946, quando a região onde seria implantada a nova cidade de Maringá ainda era uma área recém desmatada, outros filhos de Giuseppe Bulla transferiram residência para a Fazenda Bulla, juntamente com suas esposas e filhos. Foram eles:
Giovanni Battista (Baptista);
Carlo (Carlos); e
Ettore

Cerca de seis meses antes da fundação da cidade de Maringá, que ocorreria em 10/05/1947, a prefeitura de Apucarana autorizou a implantação do Jardim Progresso, cujo projeto foi aprovado em 29/10/1946, e da Vila Vardelina, aprovada em 23 de dezembro daquele ano. 


A imagem mostra os primeiros loteamentos aprovados em Maringá, fora do plano urbanístico projetado, entre 1945 e 1946, pelo urbanista Jorge de Macedo Vieira. À direta, os dois lotes que formavam a Fazenda Bulla.

Em 25/03/1947, o suíço Alfredo Werner Nyffeler, morador de Londrina, concluiu a compra do último lote, para formar a sua Fazenda Maringá, totalizando 126,4 alqueires paulistas. Nyffeler passaria a residir em Maringá naquele ano, para assumir o cargo de Gerente da CTNP, em Maringá.

Em 10/05/1947, a cidade de Maringá foi fundada oficialmente, pela CTNP.


A imagem mostra as duas grandes propriedades rurais, em 1947, na confluência da Estrada Mestre com a Estrada Guaiapó, onde estavam sendo implantados cafezais.

Em 10/10/1947, a região de Maringá passou a pertencer a Mandaguari, elevada a município naquela data. Na mesma ocasião, Maringá foi elevada a Distrito de Mandaguari.


Em rosa, o território do município de Mandaguari, em 10/10/1947. Os trilhos da ferrovia continuavam paralisados em Apucarana, ponto final da linha até aquele momento.

Após estabelecido o traçado da futura Rodovia do Café (na atual Avenida Colombo), Alfredo Werner Nyffeler dividiu o Lote nº 93 de sua Fazenda Maringá, apartando a área situada ao sul da futura rodovia, onde viria a ser implantado o loteamento Vila Nova, situado à margem da Estrada Mestre, numa iniciativa do empreendedor Francisco Dias Aro e cujo alvará de implantação foi expedido pela prefeitura de Mandaguari, em 11/03/1948. Após a subdivisão, a Fazenda Maringá passou a ter 121,903 alqueires paulistas.


A Vila Nova foi o primeiro loteamento fora do plano urbanístico original de Maringá, nesta região do município.

Logo depois, em 24/05/1948, a prefeitura de Mandaguari aprovou o loteamento Vila Ipiranga, implantado na Estrada Mestre, próximo à Fazenda Bulla.


A Vila Ipiranga foi o segundo loteamento fora do plano urbanístico original de Maringá, nesta região do município.

Em julho de 1949, oito anos depois de terem adquirido os lotes da Fazenda Bulla, em Maringá, as propriedades da família em Santo Anastácio (SP) foram vendidas. Foi assim que o restante da família Bulla transferiu residência para Maringá, a saber:

Filhos de Giuseppe:
Enrico (Henrique), que trouxe sua irmã Maria Laura e seus pais, Giuseppe Bulla e Luigia Verderio; e
Luiz.
 
Filhos de Luigi Bulla:
Francesco (Francisco), que trouxe também sua mãe, viúva, Isolina Biffe;
Camillo; e
Alexandre.

No lote nº 277, se fixou a família de Giuseppe Bulla:
Ambrósio, Baptista, Carlos e Ettore, que construíram suas casas nos fundos do lote;
Henrique e Luiz foram morar na cabeceira do lote, no cruzamento da Estrada Guaiapó com a Estrada Mestre. O patriarca Giuseppe, sua esposa Luigia Verderio e Maria Laura, única filha solteira do casal, foram morar com Henrique;
A filha Angela Bulla e seu esposo Angelo Calvi também vieram, mas se instalaram em outro lote rural próprio, igualmente situado na Estrada Guaiapó;
A filha Enriqueta e seu esposo Abramo Albertin, também vieram para Maringá e se instalaram em outro lote. Mas, logo depois, retornaram ao Estado de São Paulo, indo residir no município de Presidente Venceslau.

Nos fundos do lote nº 275, fixaram-se os familiares do falecido Luigi Bulla: Isolina Biffe, sua viúva; e seus filhos Francisco, Camillo, Maria e Alexandre.

Luigia e Giuseppa (chamada de Genoveva pelos familiares próximos), filhas de Luigi Bulla e Isolina Biffe, já casadas, ficaram residindo no Estado de São Paulo. Anos depois, Giuseppa, juntamente com seu esposo e filhos, transferiu residência para Maringá, onde faleceu e está sepultada.

Os netos de Giuseppe e Luigi casaram-se com pessoas de outras famílias italianas, que também se estabeleceram em Maringá. Como exemplo, pode-se citar as famílias Albertin, Brolezzi, Calvi, Crippa, Falavigna, Finco, Gervazoni, Girotto, Godin, Lanaro, Limonta, Perego, Poppi, Rigoldi, dentre outras.

Além de cultivar cafezais em sua fazenda, os Bulla mantinham lavouras e criações de animais, para sustento próprio. O excedente era vendido a empresas cerealistas. Em Maringá, a família cresceu, com o nascimento dos bisnetos de Giuseppe e Luigi Bulla. 


A fazenda tinha três aglomerados de construções. No aglomerado 1 residiam as famílias de Ambrósio, Baptista, Carlos e Éttore. No aglomerado 3 residiam as famílias de Henrique e Luiz, juntamente com o patriarca Giuseppe,  sua esposa Luigia e sua filha Maria Laura. No aglomerado 3 residiam os filhos de Luigi Bulla e Isolina Biffe: Francisco, Camillo, Maria e Alexandre, com seus cônjuges e filhos e a matriarca, viúva, Isolina Biffe.


Em marrom, os carreadores e, em rosa, os aglomerados da Fazenda Bulla.


Imagem aérea de 1977, mostrando a localização das construções existentes nos fundos dos lotes nº 275, 276 e 277. Acervo da empresa Centro América Melhoramentos Urbanos Ltda.

Em 14/11/1951, Maringá foi elevada a município, fato que, somado à inauguração do trecho ferroviário entre Apucarana e Maringá, ocorrido em 31/01/1954, contribuiu para impulsionar o desenvolvimento da cidade e região.


Em amarelo, o município de Maringá e seus núcleos urbanos, quando de sua emancipação, em 14/11/1951. Em verde, o traçado da Estrada Mestre. O território tinha como divisa norte o Rio Pirapó e como divisa sul o Rio Ivaí.

Em 25/07/1960, através da Lei Estadual nº 4245, os distritos de Paiçandu, Floresta e Ivatuba foram desmembrados do território de Maringá e foram elevados a municípios. Pela mesma lei, o Distrito de Itambé foi elevado a Município, tendo seu território sido desmembrado de Marialva, Bom Sucesso e São Pedro do Ivaí. Em 02/03/1964, através da Lei Estadual nº 4842, foi criado o município de Doutor Camargo, desmembrado do território do município de Ivatuba.


Em 25/07/1960, os distritos de Paiçandu, Floresta e Ivatuba foram elevados a município, desmembrados de Maringá. Pela mesma lei, o distrito de Itambé foi elevado a município, desmembrado de Marialva, sendo que a área da margem esquerda do Ribeirão Keller, foi adquirida dos municípios de São Pedro do Ivaí e Bom Sucesso.  Em 02/03/1964, Doutor Camargo seria elevado a município, desmembrado de Ivatuba.

Na segunda metade da década de 1950, o Governo do Estado do Paraná iniciou as obras de construção do trecho da Rodovia do Café, entre as cidades de Jandaia do Sul e Maringá, que cortou a cabeceira da Fazenda Bulla. O trecho, já asfaltado, foi inaugurado oficialmente em 21/12/1960, pelo Governador Moisés Lupion e por Dom Jaime Luiz Coelho, primeiro Bispo da Diocese de Maringá. 


A Rodovia do Café dividiu o lote nº 277 da Fazenda Bulla. A família teve que acionar a justiça para receber, cerca de 20 anos depois, a indenização devida pela desapropriação da faixa de terras por onde passou a rodovia.

Em 05/12/1961, a prefeitura de Maringá aprovou o loteamento denominado Vila Morangueira, empreendido por Alfredo Werner Nyffeler, em sua Fazenda Maringá. Uma parte da área da fazenda foi reservada para a implantação do futuro Parque de Exposições Agropecuárias, que seria inaugurado onze anos depois, em 10/05/1972, como parte dos festejos pelos 25 anos da fundação de Maringá.


Em 05/12/1961, foi autorizada a implantação da Vila Morangueira. O trecho da antiga Estrada Mestre, situado entre a Rodovia do Café e o Plano Urbanístico Original de Maringá, passou a ser chamado de Rua Brasil, atualmente denominado Rua Mitsuzo Taguchi. 

Em 07/02/1963, a prefeitura de Maringá autorizou a implantação do Jardim Internorte, com área de 8,18 alqueires paulistas. Após o empreendedor cumprir algumas exigências legais, um segundo alvará de implantação foi emitido pela prefeitura, em 11/07/1964. 

Com projeto do engenheiro Ivo Geronazzo, o Jardim Internorte foi um empreendimento da Organização Internorte de Investimentos, do empresário Antônio Messias Pimenta.


Em 07/02/1963 foi aprovada a implantação do Jardim Internorte, em área que pertencia ao lote nº 277 da Fazenda Bulla. O loteamento foi implantado entre a Rodovia do Café, já asfaltada, e o trecho da antiga Estrada Mestre, então chamada de Rua Brasil.

A Rua José Bulla, que corta o Jardim Internorte longitudinalmente, homenageia um dos dois patriarcas da Família Bulla, o italiano Giuseppe Bulla. A rua tem início na Avenida Colombo, corta todo o Jardim Internorte e termina na atual Rua Mitsuzo Taguchi. A denominação foi dada pela própria empresa loteadora e foi oficializada através da Lei Municipal nº 2615, de 14/11/1989.


A imagem mostra o traçado da Rua José Bulla, que homenageia um dos dois patriarcas da família, Giuseppe Bulla. A rua passa por todo o Jardim Internorte, cuja área pertencia ao Lote nº 277 da Fazenda Bulla.


A família Bulla continuou suas atividades agropecuárias na Fazenda Bulla. Alguns membros da família, porém, passaram a residir no Jardim Internorte, por estar dotado de benfeitorias urbanas que facilitavam a vida de seus moradores.

Em 23/10/1968, a prefeitura de Maringá aprovou a implantação da Vila Cafelândia, situada ao lado do Jardim Internorte, na Rua Brasil, que, em 13/06/1966, teve seu nome alterado para Rua Mitsuzo Taguchi, em homenagem ao pioneiro maringaense, pai de Torao e Jiro Taguchi, que haviam adquirido lotes na Estrada Guaiapó, em 1939.


Localização dos primeiros loteamentos próximos à Fazenda Bulla, implantados na Rua Mitsuzo Taguchi, antiga Rua Brasil e Estrada Mestre.

Com a abertura da Rodovia do Café, a nomenclatura da Avenida Colombo foi estendida a leste, chegando até a divisa com Marialva, hoje Sarandi. Como o Governo do Paraná estava incentivando a industrialização do Estado, o prefeito municipal Luiz Moreira de Carvalho decidiu implantar o primeiro Parque Industrial de Maringá, um empreendimento público. O loteamento foi aprovado pela prefeitura em 06/11/1968. O prefeito negociou diretamente com a Família Bulla e pagou a justa indenização pela desapropriação de uma área de 10,04 alqueires paulistas da Fazenda Bulla, onde seria implantado o Parque Industrial I.


Localização do Parque Industrial I e do Jardim Internorte, loteamentos implantados na área original do lote nº 277, da Fazenda Bulla.


Vista aérea de Maringá, em 1972. O arvoredo situado nas nascentes do Córrego Guaiapó e os cafezais da Fazenda Bulla podem ser vistos no canto superior direito da imagem. Fonte: Museu da Bacia do Paraná.


Vista aérea de Maringá, em 1972. No alto da imagem aparecem, à esquerda, os cafezais da Fazenda Bulla. No alto, à direita, o Parque Industrial I e o Jardim Internorte. Fonte: Museu da Bacia do Paraná.


Vista aérea de Maringá, em 1972. No alto da imagem aparecem o Jardim Internorte, o Parque Industrial I e os cafezais da Fazenda Bulla. Fonte: Museu da Bacia do Paraná. 

Cinco anos depois, em 26/06/1973, a prefeitura de Maringá aprovou o projeto do Jardim Liberdade, implantado na cabeceira do lote nº 275, da Fazenda Bulla, pertencente aos filhos de Luigi Bulla. O loteamento foi implantado pela empresa Empreendimentos Imobiliários Ingá, que adquiriu da família 10 alqueires paulistas. O nome faz referência ao bairro paulistano da Liberdade. 


Localização do Jardim Liberdade e dos demais loteamentos implantados na área original dos lotes nº 277 e 275, da Fazenda Bulla.

Passados mais de 30 anos desde a compra dos lotes, a Família Bulla ainda detinha grande parte da área original da fazenda e continuava suas atividades agropecuárias no local. Porém, alguns de seus membros já haviam adquirido terras em outras regiões do Paraná ou iniciado outras atividades econômicas na cidade e região.

Em 12/12/1973, a prefeitura de Maringá autorizou a implantação da Vila Regina, pequeno loteamento situado na Rua Mitsuzo Taguchi, próximo ao Jardim Internorte.


Pequenos loteamentos implantados na Rua Mitsuzo Taguchi, próximos à Fazenda Bulla.

Em 22/01/1974, a prefeitura de Maringá aprovou o Jardim da Glória, implantado no lote nº 274, vizinho à Fazenda Bulla.


Localização do Jardim da Glória, situado ao norte da Fazenda Bulla.

Em 13/03/1974, a prefeitura de Maringá aprovou o Jardim Liberdade – 2ª Parte, implantado pela empresa Empreendimentos Imobiliários Ingá, em uma área de 10,50 alqueires paulista do lote nº 275 da Fazenda Bulla, pertencente aos filhos de Luigi Bulla e Isolina Biffe. 


Localização do Jardim Liberdade – 2ª Parte e dos demais loteamentos implantados na área original dos lotes nº 277 e 275, da Fazenda Bulla.

Em 05/06/1975, a prefeitura aprovou a implantação do Parque Industrial – 2ª Parte. Com área de 5 alqueires paulistas, o empreendimento foi uma iniciativa do poder público municipal, com o objetivo de ampliar a área disponível para a instalação de novas indústrias em Maringá. 


Localização do Parque Industrial – 2ª Parte e dos demais loteamentos implantados na área original dos lotes nº 277 e 275, da Fazenda Bulla.

Dentro da área do Jardim Liberdade – 2ª Parte foi construído o Conjunto Residencial Karina, realização da empresa Irmãos Maud, de Curitiba. O alvará de construção foi expedido em 22/12/1975. Com área de terras de 3,46 alqueires paulistas, o empreendimento foi inaugurado oficialmente em 09/05/1977, por ocasião dos festejos dos 30 anos de fundação da cidade de Maringá. 


Localização do Conjunto Habitacional Karina e dos demais loteamentos implantados na área original dos lotes nº 277 e 275, que formavam a Fazenda Bulla.

Em 01/04/1976, a prefeitura aprovou o loteamento Jardim América, que ocupou 21,14 alqueires paulistas do lote nº 277, dos filhos de Giuseppe Bulla. O empreendimento foi da Imobiliária Centro América Melhoramentos Urbanos Ltda., dos empresários Honorato Vecchi e Benedito José Luz.


Localização do Jardim América e dos demais loteamentos implantados na área original dos lotes nº 277 e 275, que formavam a Fazenda Bulla.


Imagem aérea do Jardim América, em outubro de 1976. Ao centro, a Praça da Capela, onde atualmente encontra-se a igreja matriz da Paróquia Nossa Senhora da Liberdade. Acervo da empresa Centro América Melhoramentos Urbanos Ltda.

Na segunda metade da década de 1970, três loteamentos foram implantados no lote nº 274, situado ao norte da área original da Fazenda Bulla, aprovados pela prefeitura de Maringá:
Jardim Liberdade – 3ª Parte, aprovado em 21/12/1976;
Loteamento Fator Imóveis, aprovado em 01/04/1977; e
Jardim Liberdade – 4ª Parte, aprovado em 30/01/1979.


Localização dos quatro loteamentos implantados ao norte da Fazenda Bulla, entre os anos 1974 e 1979.


Imagem aérea do Parque de Exposições. No alto, à esquerda, vê-se as primeiras casas construídas no Jardim América, loteamento autorizado pela prefeitura em 01/04/1976. 


Imagem aérea do Jardim América, no final dos anos 1970. Acervo da empresa Centro América Melhoramentos Urbanos Ltda. 


Planta de vendas dos lotes do Jardim América. Acervo da empresa Centro América Melhoramentos Urbanos Ltda. 

Em 07/05/1979, a Estrada Guaiapó e a Avenida 13 de Maio passaram a ser denominadas apenas como Avenida Guaiapó. A Avenida 13 de Maio fazia parte da Estrada Guaiapó e havia sido criada juntamente com o Jardim Liberdade.


A Avenida 13 de Maio (traçada em verde) foi criada com a implantação do Jardim Liberdade, como um trecho da Estrada Guaiapó (traçada em vermelho).

Através da Lei Estadual n.º 7.502, de 14/10/1981, o Distrito de Sarandi foi desmembrado de Marialva, sendo elevado a município. 


Em 14/10/1981, o Distrito de Sarandi foi elevado a município, desmembrado de Marialva.

À época, a região da divisa entre os municípios de Maringá e Sarandi já estava em processo inicial de conurbação. Um exemplo disto eram os loteamentos Parque Alvamar e Jardim Novo Panorama, em Sarandi, implantados em áreas vizinhas à Fazenda Bulla.


Localização dos loteamentos Parque Alvamar e Jardim Novo Panorama, em Sarandi, implantados no final da década de 1970, em lotes vizinhos ao lote nº 277, da Fazenda Bulla.

Em 11/03/1982, a prefeitura de Maringá aprovou o Jardim Guararapes, último loteamento situado ao sul da Fazenda Bulla na Rua Mitsuzo Taguchi. Em 25/11/1988, em parte de sua área, seria implantado o Conjunto Residencial Cananéia.


Localização dos cinco empreendimentos imobiliários implantados ao sul da Fazenda Bulla, na Rua Mitsuzo Taguchi. A área do Jardim Internorte pertencia à Fazenda Bulla.

Em 1986, passados 45 anos da aquisição dos lotes que formaram a Fazenda Bulla, ainda remanesciam áreas das propriedades da Família Bulla não loteadas ou urbanizadas. 


Situação, em 1986, da área da Fazenda Bulla (lotes nº 275 e 277) e do Lote nº 276, adquirido em 1941 por 
Paschoal Galli, amigo da família Bulla.

Em 1986, a empresa Empreendimentos Imobiliários Ingá implantou em parte da área remanescente do lote nº 275, o Conjunto Habitacional Governador Parigot de Souza. O empreendimento contava com uma área de 7,10 alqueires paulistas.


Localização do Conjunto Governador Parigot de Souza, implantando em 1986, em parte da área remanescente do lote nº 275. 

Em 31/05/1989, a prefeitura de Maringá autorizou a implantação do Conjunto Habitacional Itatiaia, com área de 7,66 alqueires, formada por áreas remanescentes dos lotes nº 274, 275 e 276, próximas às nascentes do Córrego Guaiapó.

Quanto ao lote nº 276, adquirido em 1941 por Paschoal Galli, amigo da Família Bulla, localizado entre os lotes nº 275 e 277, sua área foi ocupada quase totalmente pelo Conjunto Habitacional Itatiaia, com exceção de uma pequena área, que foi loteada com a denominação “Subdivisão do Lote 276-A”.


Localização do Conjunto Habitacional Itatiaia, implantando em 1989. 


Em vermelho, o contorno do Conjunto Habitacional Itatiaia, formado por áreas dos lotes nº 274 (em rosa), nº 275 (em amarelo), nº 276 (em laranja), situadas ao norte do lote nº 277 (em verde).

O lote nº 274, com 15 alqueires paulistas, havia sido adquirido da CTNP, em 24/02/1941, por Carlos Poppi, italiano que também migrou de Santo Anastácio (SP) para Maringá, em meados da década de 1940. Como já descrito acima, foram implantados neste lote os seguintes empreendimentos:
Jardim da Glória, aprovado em 22/01/1974;
Jardim Liberdade – 3ª Parte, aprovado em 21/12/1976;
Loteamento Fator Imóveis, aprovado em 01/04/1977; 
Jardim Liberdade – 4ª Parte, aprovado em 30/01/1979; e
Conjunto Habitacional Itatiaia, que também ocupou áreas dos lotes nº 275 (dos Bulla) e 276 (de Paschoal Galli).

Em 02/10/1996, a prefeitura autorizou a implantação do Jardim Atlanta. Com 5,86 alqueires paulistas, o loteamento foi implantado em área remanescente do lote nº 277, adquirido pelos filhos de Giuseppe Bulla, em 1941.


Localização do Conjunto Habitacional Itatiaia, implantado em áreas remanescentes dos lotes nº 274, 275 e 276, e do Jardim Atlanta, autorizado em 02/10/1996, situado em parte da área remanescente do lote nº 277.

Em dezembro/2008, teve início a construção do Contorno Norte, cujo traçado cortou os lotes nº 274, 275, 276 e 277. Após cinco anos de trabalho, as obras foram inauguradas oficialmente em 10/01/2014.

Em 30/05/2017, a Lei Estadual nº 19.030 alterou as delimitações das linhas divisórias entre os municípios de Maringá e Sarandi. De acordo com esta lei, uma parte da área remanescente do Lote nº 277, passou a pertencer a Sarandi. Nesta região, a linha divisória é formada pelo Córrego Guaiapó e por uma divisa seca. 


Em rosa escuro, a faixa de terra desapropriada para a implantação do Contorno Norte, que atravessou os lotes 277, 276, 275 e 274. A linha vermelha representa a divisa seca entre os municípios de Maringá (à esquerda) e Sarandi (à direita). A imagem também mostra a localização do Teuto-Brasileiro e das áreas remanescentes 2 e 3 do lote nº 277, que atualmente localizam-se no território do município de Sarandi. O Córrego Guaiapó, desde o ponto final de divisa seca, até sua foz no Ribeirão Sarandi, é a divisa entre Maringá (ao norte) e Sarandi (ao sul).


Detalhe das áreas remanescentes 2 e 3 do lote nº 277, situadas no município de Sarandi.

Uma das últimas áreas da Fazenda Bulla que está passando por um processo de urbanização, é a “Área Remanescente nº 1, do lote nº 277, que é cortada pelo Contorno Norte e está situada próxima à linha de divisa entre os municípios de Maringá e Sarandi. Boa parte dos lotes dessa área pertence ao Município de Maringá.


Em vermelho, o contorno da Área Remanescente nº 1, do Lote nº 277, ocupada da seguinte forma:

1. Escola Municipal Professor José Marchesini;
2. Lote pertencente ao Município de Maringá, ainda não ocupado por edificações;
3. Lote pertencente ao Município de Maringá, cedido para a Igreja Batista Memorial;
4. Campo de Futebol José Cláudio Vilella, criado para atender aos praticantes de futebol amador de Maringá;
5. Área remanescente do Campo de Futebol José Cláudio Vilella, pertencente ao Município de Maringá, sem construções;
6. Área de Lazer do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Açúcar, Mandioca, Carne, Avícolas, Bebidas, Alimentação Animal, Óleos e Azeites, Trigo, Laticínios, Panifcados, Confeitarias, Torrefação e Moagem de Café, Massas Alimentícias de Alimentação de Maringá – STIAM;
7. Lote pertencente ao Município de Maringá, cedido para a Sede Social dos Vigilantes de Maringá e Região, vinculada ao Sindicato dos Empregados de Empresas de Segurança e Vigilância de Maringá e Região – SINDESV;
8. Sindicato dos Corretores de Imóveis do Paraná – SINDIMÓVEIS; e
9. Lote pertencente ao Município de Maringá, cedido para o Salão de Eventos do Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista e Atacadista de Maringá e Região – SIVAMAR.


Imagem aerofotogramétrica de 1989 – Imagem da região do Campo de Futebol José Cláudio Vilella. À direita, área de dos últimos cafezais do Lote nº 277, onde seria implantado o Jardim Atlanta. Acervo da Prefeitura Municipal de Maringá.


Imagem de Fevereiro/2025, que mostra a mesma região da fotografia acima. No centro da imagem vê-se o Contorno Norte, inaugurado oficialmente em 10/01/2014.

Abaixo, seguem tabelas dos loteamentos implantados nos lotes nº 275 e 277 da Fazenda Bulla:



De acordo com o Censo IBGE 2010, residiam nos bairros implantados dentro da área da Fazenda Bulla 9.687 habitantes. Esta amostragem era superior à população de 201 dos 399 municípios paranaenses, naquele ano.

Importantes ruas e avenidas cruzam a área da antiga Fazenda Bulla.


Principais vias que cortam a área da antiga Fazenda Bulla. Ver relação abaixo.


Principais vias que cortam a área da antiga Fazenda Bulla: 
A – Rua Mitsuzo Taguchi
B – Avenida Colombo
C – Avenida Guaiapó
D – Avenida Osires Stenghel Guimarães
E – Avenida das Indústrias 
F – Rua Francisco Bulla
G – Rua Ambrósio Bulla
H – Rua Pioneiro Camillo Bulla
I – Rua Gilson Ricardo Gomes de Castro
J – Contorno Norte 
K – Avenida Pioneiro Henrique Bulla
L – Avenida Sophia Rasgulaeff

A mata nativa preservada pela Famíla Bulla, localizada no lote nº 275, adquirido pelos filhos de Luigi Bulla, transformou-se em Parque Ecológico Municipal do Guayapó, criado através do Decreto do Poder Executivo nº 76, de 08/02/1994, assinado pelo prefeito Said Felício Ferreira. O parque está situado na Data nº 2, da Quadra nº 43-B, do Conjunto Residencial Parigot de Souza. Com área de 16.205,48 m², seu nome foi alterado para “Parque Ecológico Municipal José Bulla”, através da Lei Municipal nº 9972, de 08/04/2015, proposta pelo vereador Humberto Henrique e assinada pelo prefeito Carlos Roberto Pupin. Foi uma homenagem a José Bulla, nascido em 06/09/1936, em Santo Anastácio (SP), filho primogênito de Francesco (Francisco) Bulla e de Izoline Crippa Bulla.  Casou-se, em 19/05/1962, com Anna Ignez Rigoldi Bulla, com quem teve sete filhos. José havia chegado a Maringá em 1949, com 13 anos de idade, e sempre residiu no Lote nº 275, onde se situa o Parque Ecológico e o Conjunto Parigot de Souza, bairro onde residiu, na Rua Pioneiro Alfredo Trajan, nº 186, até sua morte, em 04/09/2009. 


Em vermelho, a localização do Parque Ecológico Municipal José Bulla.

Ao longo dos anos, outros diversos membros da Família Bulla foram homenageados pelo Poder Público Municipal, conforme segue:

1. A Lei nº 1471, de 21/05/1981, proposta pelo vereador Jesus Hernandez, alterou a denominação da Rua dos Tamoios para Rua Francisco Bulla, no Jardim Liberdade. 

2. A Lei nº 1472, de 21/05/1981, proposta pelo vereador Paschoal Zaponi, alterou a denominação da Avenida Perimetral Sul, localizada no Jardim América, para Ambrósio Bulla. 

3. A Lei Municipal nº 2615, de 14/11/1989, de autoria do vereador Aristides Conteçotto, oficializou a denominação de Rua José Bulla, para o trecho compreendido entre a Avenida Colombo e a Rua Mitsuzo Taguchi. Na verdade, trata-se de Giuseppe Bulla, um dos patriarcas da família no Brasil.

4. A Lei nº 3274, de 22/10/1992, proposta pelo vereador Kazumi Taguchi, denominou a Rua 36.221 como Rua Pioneiro Camillo Bulla. Esta rua faz parte da divisa seca entre os municípios de Maringá e Sarandi.

5. A Lei nº 3738, de 03/03/1995, proposta pelo vereador Kazumi Taguchi, denominou a Rua 25.225 como Rua Pioneiro Carlos Bulla.  

6. A Lei nº 8096, de 08/08/2008, de autoria do vereador Mário Verri, denominou a Rua 36.581 como Rua Pioneira Angela Bulla Calvi. A rua passa pelo Jardim Paulista – 3ª e 4ª Partes e pelo Jardim Novo Paulista. Filha de Giuseppe e Luigia (Luísa) Verderio, Angela nasceu no dia 29/06/1910, em Trezzo sull`Adda, na província de Milano, na região da Lombardia, Itália. Chegou ao Brasil com três anos de idade, em 1913. Veio para Maringá em 1949, indo morar em um sítio próprio, na Estrada Guaiapó. Em 1975, com a venda do sítio, sua família deixou o meio rural, vindo a morar na cidade. Residiu na Rua Trinidad, 534, Vila Morangueira, onde faleceu, no dia 07/10/2000. Era casada com Ângelo Calvi. Deixou 7 filhos. 

7. A Lei nº 9718, de 12/06/2014, de autoria do vereador Humberto Henrique, alterou a denominação da Avenida Guaiapó, no trecho entre a Avenida Colombo e a Rua Dom Pedro I, para Pioneiro Henrique Bulla.

8. A Lei nº 10035, de 24/07/2015, de autoria do vereador Humberto Henrique, denominou como Rua Pioneiro Alexandre Bulla a Rua 36.594.


Localização dos logradouros públicos de Maringá que homenageiam pessoas da Família Bulla:
1. Rua Francisco Bulla;
2. Avenida Ambrósio Bulla; 
3. Rua José Bulla;
4. Rua Pioneiro Camillo Bulla;
5. Rua Pioneiro Carlos Bulla;
6. Rua Pioneira Angela Bulla Calvi; 
7. Avenida Pioneiro Henrique Bulla; e
8. Rua Pioneiro Alexandre Bulla.

Os patriarcas Giuseppe Bulla, Luigi Bulla e suas esposas deixaram, no Brasil, um legado de trabalho, honradez e altruísmo. Seus descendentes somam cerca de 1.000 pessoas, a maioria morando em Maringá e região. Os Bulla, muito católicos, contribuíram para a construção da Capela Santa Cruz, no Maringá Velho; da Capela Nossa Senhora Aparecida, na Estrada Guaiapó; da Igreja Santíssima Trindade, hoje Catedral Nossa Senhora da Glória; da Igreja São José, na Vila Operária; da Igreja Espírito Santo, na Vila Sete; da Igreja Sagrado Coração de Jesus, na Vila Morangueira; e da Igreja Santo Antônio, na Vila Santo Antônio. Contribuíram também na construção do Grupo Escolar Campos Salles, na Vila Nova.


Relação dos patriarcas da Família Bulla no Brasil e seus filhos, que deram origem a uma grande família em terras brasileiras.


Augusto Bulla e sua esposa Aurélia Poppi – Augusto é filho de Ambrogio (Ambrósio) e neto do patriarca Giuseppe Bulla. 

Nascido em Santo Anastácio (SP), em 14/09/1929, chegou a Maringá com 14 anos de idade, em 13/06/1944. É o descendente mais idoso da família ainda vivo. Aurélia Poppi, nascida em 01/02/1936, é filha de Carlos Poppi, que em 24/02/1941, adquiriu o lote nº 274, vizinho à Fazenda Bulla. O casal reside na Rua José Bulla, no Jardim Internorte, em Maringá.

Em 04/09/1968, a Família Bulla doou à Mitra Diocesana de Maringá, representada pelo Bispo Dom Jaime Luiz Coelho, um terreno de 1.462,20 m², localizado à Rua Mitsuzo Taguchi, nº 671, no Jardim Internorte, que fazia parte da Fazenda Bulla.  Em seguida, com a colaboração da comunidade residente no Jardim Internorte e nos bairros próximos, construíram uma pequena capela, em alvenaria, que recebeu o nome de Capela Nossa Senhora Aparecida. Em 02/09/1982, a prefeitura aprovou um projeto para adequar e ampliar a capela. Faziam parte da comissão de construção as seguintes pessoas: Mário Limonta, Ambrósio Bulla, Dorival Sossai e João Pappa. Nas décadas de 1990 e 2000, o prédio passaria por outras melhorias. A Capela Nossa Senhora Aparecida está localizada no território da Paróquia São José Operário.


Fachada da Capela Nossa Senhora Aparecida, situada na Rua Mitsuzo Taguchi, nº 671, no Jardim Internorte, que fazia parte da Fazenda Bulla.

Além, das instituições já citadas acima, na área da antiga Fazenda Bulla existem outras, dentre as quais se pode citar:
Escola Estadual Marco Antonio Pimenta;
Paróquia Nossa Senhora da Liberdade;
Igreja Adventista do Sétimo Dia - Jardim América; 
CMEI Pioneira Maria Conceição Ramos Alexandre; 
Oitava Igreja Presbiteriana Renovada de Maringá; e
Igreja de Deus no Brasil

Este texto teve a colaboração de Flávio Augusto de Carvalho, que participou das pesquisas e fez a revisão ortográfica. 

Fontes:
Arquivos:
Acerto da Centro América Melhoramentos Urbanos Ltda.;
Acervo da Câmara Municipal de Maringá;
Acervo de Cartórios de Registro Civil no Estado de São Paulo;
Acervo da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná;
Acervo da Gerência do Patrimônio Histórico , vinculada à Secretaria Municipal de Cultura de Maringá;
Acervo de imagens de Família Bulla;
Acervo de imagens do Museu da Bacia do Paraná; 
Árvore Genealógica da Família Bulla, de autoria de Flávio Augusto de Carvalho;

Depoimentos:
Ambrósio Bulla; 
Augusto Bulla;
Flávio Augusto de Carvalho; 
Luiz Carlos Bulla; e
Luiza Bulla Mazzini.

Sites:
Coletânea de Mapas Históricos do Paraná, do Instituto Água e Terra;
Estações Ferroviárias do Brasil;
Family Search;
Instituto Ambiental de Maringá; 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; 
Portal GeoMaringá; e
Wikipedia.

Teses:
Para Além do Plano de Jorge de Macedo Vieira: a expansão urbana de Maringá de 1945 a 1963, de Layne Alves Nunes, São Carlos, dezembro/2016. 

Outras publicações:
Inscreva-se

* respeitamos nossos inscritos, não enviamos spam.

Inscreva-se

* respeitamos nossos inscritos, não enviamos spam.

Cookies: nós captamos dados por meio de formulários para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.