A fotografia em preto e branco eterniza uma cena singela e poderosa da Londrina dos anos 1940: a rua Sergipe na esquina com a rua Pernambuco, capturada num instante em que passado e futuro literalmente compartilham o mesmo espaço.

O calçamento de paralelepípedos irregulares sustenta tanto as rodas lisas de automóveis modernos quanto as rodas de madeira vistas na carroça à direita. No primeiro plano, um Ford da década de 1940 avança com elegância, enquanto à esquerda, discretamente, uma carroça aguarda, o cavalo parado e o condutor atento ao movimento. As charretes trafegam tranquilamente, lado a lado com alguns poucos carros, em um trânsito que mais parece um desfile de convivência entre tempos distintos.

Às margens da rua, casas térreas de madeira com telhados simples formam a paisagem típica da época. Poucos pedestres caminham pelas calçadas estreitas, reforçando a impressão de uma cidade ainda em expansão, onde a urbanização coexistia com traços rurais muito vivos. Os postes de madeira, alinhados, sustentam os fios da energia elétrica recém-chegada para impulsionar o progresso.

 Este retrato urbano ilustra uma fase crucial da história de Londrina: um período em que o crescimento econômico, impulsionado pela lavoura do café, começava a redesenhar a cidade e a trazer novos hábitos de mobilidade. Mas, como mostra a imagem, a tradição ainda permanecia visível, e o ritmo de vida guardava a calma de um interior em plena transformação.

A rua Sergipe, que nas décadas seguintes se consolidaria como a maior rua comercial da cidade, era, naquele instante, apenas uma promessa de efervescência. A fotografia, precisa em sua poesia visual, nos oferece um vislumbre do passado e uma compreensão sensível da evolução de Londrina.

Fontes: Acervo Folha de Londrina / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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