1944
Sete de setembro de 1944. Enquanto o Brasil celebrava sua independência, Londrina comemorava uma conquista muito mais próxima, concreta e vital: a inauguração da sua Santa Casa de Misericórdia. José Antônio Pedriali, no livro “Uma viagem através do tempo. Do pioneirismo à modernidade: evolução dos serviços médicos de Londrina”, relata com detalhes o episódio. Num clima de muita ansiedade, mesmo com o hospital inacabado, com entulho espalhado, madeiras empilhadas e ferramentas ainda no pátio, a população se aglomerava, curiosa e emocionada, para testemunhar aquele momento histórico. Nem mesmo os pacientes, recém-transferidos dos improvisados hospitais da Companhia de Terras e dos Indigentes, escaparam dos olhares dos que lotavam os corredores e enfermarias.
O início dos serviços da Santa Casa representava um símbolo de solidariedade e pertencimento. José Bonifácio e Silva, provedor da Irmandade, não escondeu a emoção ao declarar que cada tijolo daquela obra era fruto de amor: “Ali nas suas paredes ao menos um grão de areia procede do mais humilde ao mais pobre habitante de Londrina.” Em sua fala, destacou um feito raro: o hospital foi inaugurado sem dívidas, sustentado apenas por doações espontâneas — do cruzeiro singelo da menina pobre ao anônimo que, no dia da inauguração, repassou cem contos de réis.
A trajetória até aquele dia não foi fácil. Começou em 1936, com a criação da Sociedade Beneficente de Londrina, um movimento que envolveu um grande número de moradores da jovem cidade — comerciantes, agricultores, profissionais liberais, religiosos e trabalhadores de todas as origens e etnias. Todos movidos por uma certeza: Londrina precisava de um hospital que atendesse a todos, aberto a quem precisasse.
A Santa Casa nasceu, portanto, do espírito coletivo de uma cidade que, em meio à expansão e à dureza da colonização, entendia que cuidar do outro era também cuidar de si.
Fontes: José Antônio Pedriali. Uma viagem através do tempo. Do pioneirismo à modernidade: evolução dos serviços médicos de Londrina. Londrina: Museu Histórico de Londrina, Unimed, 2021. 123 p. / Acervo Londrina Histórica.
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