Londrina

Nas entrelinhas da terra roxa: o retrato vivo da cafeicultura em Londrina

1940


Sob um céu claro e acima da terra roxa que impulsionou a economia do Norte do Paraná, a fotografia revela uma cena emblemática do auge da cafeicultura em Londrina. Uma fileira interminável de trabalhadores se debruça sobre os cafeeiros, em um vaivém coreografado entre peneiras, balaios e sacos de estopa. As roupas simples e os lenços que cobrem cabeças mostram não só a proteção contra o sol, mas uma dura rotina moldada pelo suor coletivo. É mais do que uma colheita: é a síntese de um tempo.

A imagem é de um tempo, quando Londrina carregava com orgulho o título de “Capital Mundial do Café”. Os cafezais dominavam a paisagem e, mais do que isso, dominavam o modo de vida da cidade em formação. Era o café que trazia gente — migrantes paulistas, mineiros, estrangeiros —, que movimentava o comércio, que erguia casas, escolas e igrejas; enfim, que transformava a cidade em uma metrópole.

Por trás da potência agrícola, estava a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), que fomentou a ocupação planejada da região, vendendo lotes, financiando infraestrutura e promovendo o plantio do grão que tornaria Londrina conhecida mundialmente. A combinação entre o solo fértil, o clima propício e a ação humana resultou em safras recordes — e, claro, em imagens como esta, que cristalizam o trabalho coletivo como valor fundante da cidade.

Mas essa história não foi linear. A mecanização tardia e, principalmente, a geada negra de 1975 causaram reveses profundos. Muitos cafezais foram arrancados do mapa. O ciclo econômico do café deu lugar à diversificação agrícola e à urbanização acelerada. Ainda assim, a memória dessa era segue viva — seja na Rota do Café, nos museus dedicados à história da cidade, ou em registros como este, onde cada trabalhador anônimo carrega consigo um capítulo da construção londrinense.

Fontes: Acervo Folha de Londrina / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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