A fotografia nos transporta para 1945, para o interior austero e sagrado da então recém-inaugurada Igreja Matriz de Londrina. No centro da imagem, ergue-se um majestoso altar de madeira entalhada, verdadeiro testemunho da devoção popular e do talento artesanal de Ambrosio Ferro, mestre marceneiro que deixou sua assinatura em uma das obras religiosas mais emblemáticas da cidade.

Com linhas neogóticas, o altar impressiona pela simetria das formas, o detalhamento dos pináculos e o cuidado nos entalhes florais e litúrgicos. No centro, a imagem do Cristo Ressuscitado se impõe entre nichos com santos devocionais. A composição, ladeada por castiçais e flores, é ao mesmo tempo solene e acolhedora. Cada peça, cuidadosamente encaixada, parece respirar fé.

Ao mesmo tempo, o altar representa a afirmação da força do trabalho local em uma cidade ainda em formação. Ferro, imigrante italiano e habilidoso entalhador, estabeleceu sua oficina em Londrina nos anos 1930 e contribuiu para decorar templos, casas e repartições públicas, sempre imprimindo um estilo marcado por rigor e beleza.

A construção da nova Matriz — hoje Catedral Metropolitana de Londrina — foi concluída em etapas: telhado em 1943, reboco em 1945 e torres apenas em 1949. O altar de Ferro se inseriu nesse processo como símbolo da consolidação espiritual e urbana da cidade. Mais que um elemento arquitetônico, ele é uma herança tangível da religiosidade dos pioneiros.

Fontes: Catedral Metropolitana de Londrina / Londrina e Norte do PR : Memórias e Fotos Atuais, página no Facebook / Arquivo pessoal de Elizabete Ferro / Acervo Londrina Histórica.

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