A partir de algum ponto alto, provavelmente o galho de uma grande árvore, Hans Kopp eternizou um instante que, mais de nove décadas depois, ainda é documento e poesia visual: Londrina, anos 1930. A cidade ainda era uma pequena comunidade no Norte do Paraná, cercada pela mata atlântica ainda densa e intacta ao fundo, como um lembrete do que era a paisagem antes da chegada dos colonizadores.

A fotografia revela mais do que madeira, barro e céu. Ela nos conta sobre um tempo em que as ruas eram traçadas na terra vermelha e as casas erguidas com o que a floresta oferecia: palmito, sonho. As cercas improvisadas, simples, mas funcionais, formavam os primeiros limites de uma urbanidade que ainda tateava seu próprio destino. Não havia luxo, mas havia uma ordem silenciosa, um projeto de cidade que começava a ganhar corpo.

Ao centro da imagem, o casario se espalha em desníveis suaves, adaptando-se à topografia, com telhados de duas ou três águas e alpendres que sugerem a sociabilidade das famílias pioneiras. Alguns lotes mostram hortas ou pequenos currais, tudo ao alcance das mãos e do olhar. Ao fundo, nota-se uma construção um pouco mais robusta, destacando-se entre a simplicidade da paisagem.

O céu com nuvens, amplo, dramatiza ainda mais a cena: é como se o tempo estivesse suspenso, à espera da narrativa que viria. Kopp, o fotógrafo, mais do que clicar, esculpiu um tempo. E o fez com olhos de cronista silencioso, que compreende que toda cidade começa com o gesto de habitar, de demarcar e de sonhar. Uma imagem que se tornou memória viva de um território sonhado entre matas e cercas, entre madeira e céu.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Hans Kopp / Acervo Londrina Histórica.

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