A cena congelada pela lente do fotógrafo Oswaldo Leite, na movimentada avenida Paraná na década de 1960, é um forte testemunho visual de um Brasil que enfrentava, com organização e adesão popular, o desafio da erradicação da varíola. Londrina, ainda uma jovem metrópole em expansão, aparece em foco, mobilizada diante de um dos maiores esforços sanitários da história do país.

A imagem revela uma multidão de londrinenses, homens, mulheres e, sobretudo, muitas crianças, formando uma massa humana que ocupa a via e observa a movimentação de uma pequena frota de “Rurais Willys”. Os veículos, todos padronizados e com letreiros nas portas, indicam pertencer à estrutura pública de saúde, provavelmente estadual ou federal, em uma época em que o Brasil ainda não contava com um sistema unificado de saúde como o SUS. Era o tempo da Fundação SESP (Serviço Especial de Saúde Pública) e das campanhas intensivas do Ministério da Saúde.

À direita da imagem, destaca-se a Drogaria e Farmácia Maria Isabel, com letreiro elegante e fachada vertical típica do comércio urbano dos anos 1960. A inscrição “Plantão Noturno Permanente” sugere que a saúde, naquele tempo, não dormia e a campanha de vacinação tampouco.

A década de 1960 foi marcada pelo avanço da vacinação contra a varíola no Brasil. Em 1966, o país aderiu oficialmente ao Programa de Erradicação da Varíola da Organização Mundial da Saúde. Londrina, à época, já despontava como polo regional, e sua população participava ativamente das campanhas, como mostra essa foto: ao invés de relutância, vê-se presença maciça e até certa solenidade.

Fontes: Londrina Documenta. “Curar, cuidar, lembrar – memória da saúde londrinense”. Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss, 2012 / Foto: Acervo Oswaldo Leite / Ministério da Saúde / Acervo Londrina Histórica.

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