Em março de 1977, Londrina silenciou parte de uma de suas paisagens sonoras mais típicas: o barulho dos motores na avenida Paraná. No lugar deles, vieram os passos, as vitrines e os encontros. O fechamento das primeiras quadras da via para veículos marcou o início de um dos projetos mais ousados de reurbanização urbana do interior brasileiro: a criação do Calçadão de Londrina.

O projeto-piloto foi elaborado pelo arquiteto grego Panos Tzortzopoulos, sendo a coordenação feita pelo arquiteto e urbanista Jaime Lerner. O projeto interditou uma rua e desenhou uma nova forma de vivência do espaço público. Inspirado em experiências europeias e atento ao microclima da cidade, Tzortzopoulos propôs arborização, bancos integrados, iluminação ornamental e um piso icônico, de xadrez branco e preto, que se tornou marca registrada local. Mais que urbanismo, era estética e identidade.

Reportagem da Folha de Londrina publicada em 2017, escrita pelo jornalista Vitor Ogawa, conta que o Calçadão já havia enfrentado os altos e baixos que acompanham qualquer obra viva e pulsante: desconfiguração progressiva, com alterações pontuais e perda da unidade original do projeto. O próprio arquiteto, em entrevista, lamenta as mudanças que comprometeram a essência do traçado original.

A proposta pioneira de 1977 integrava mobilidade, lazer e comércio, muito antes desses conceitos virarem mantras do planejamento urbano. De certa forma, o Calçadão foi um dos primeiros grandes ensaios brasileiros de um espaço democrático pensado para o pedestre, um experimento que colocou Londrina na vanguarda do urbanismo nacional.

Nesse projeto, também foram incluídos o Bosque Municipal e as praças Gabriel Martins, Marechal Floriano Peixoto, Willie Davids, Primeiro de Maio e Sete de Setembro.

Fontes: Acervo Folha de Londrina / Acervo Londrina Histórica.

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