Em algum ponto do início dos 1970, Londrina se preparava para transformar sua principal artéria comercial. A fotografia de Yutaka Yasunaka resgatada de um passado próximo nos mostra a avenida Paraná ainda aberta ao tráfego, com carros estacionados e uma movimentação urbana que mistura modernidade incipiente com ares de cidade em construção.

À direita, o letreiro “Huddersfield” salta aos olhos, um nome que lembra uma das tantas lojas e referências britânicas que o norte pioneiro abraçou com orgulho, especialmente em suas primeiras décadas. No horizonte urbano, os edifícios altos já dominavam a paisagem, contrastando com os casarões de dois andares que resistiam às demolições e à verticalização que se aceleraria nos anos seguintes. Em primeiro plano, o perfil elegante de um Ford corcel divide espaço com os onipresentes fuscas.

A placa de trânsito, em destaque à esquerda, indica um ponto de parada dos ônibus urbanos. A sinalização vertical, simples e funcional, marca o espaço do transporte público, ainda operado por empresas como a Viação Urbana Londrinense (VUL), antes da consolidação da Grande Londrina. É a cidade caminhando entre o tráfego e os trilhos da modernidade, na véspera de uma transformação urbana profunda: a criação do Calçadão, inaugurado em 1977, na gestão do prefeito Antônio Casemiro Belinati com projeto do arquiteto Jaime Lerner, o mesmo que mais tarde revolucionaria Curitiba.

A fotografia documenta um tempo, nos dando oportunidade a “visitar” uma cidade em expansão, onde os sons dos motores, os passos apressados dos transeuntes e os negócios nos cafés e armazéns construíam o ritmo de uma Londrina pré-Calçadão, antes que o asfalto desse lugar às pedras portuguesas e aquele trecho da cidade aprendesse a caminhar mais devagar.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Blog Londrina Histórica / Foto: Yutaka Yasunaka / Acervo Londrina Histórica.

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