Na esquina da rua Sergipe com a Prof. João Cândido, por volta de 1936, um pequeno comércio se destacou entre as paredes ainda nuas de uma cidade que engatinhava no barro. A fotografia, resgatada de um tempo em que Londrina ainda não tinha asfalto e respirava poeira vermelha, mostra a “Casa Brasileira”, empreendimento do comerciante Darcírio Egger. Em frente à loja, homens perfilados sob as arcadas observam o movimento enquanto pesadas mantas de tecido xadrez balançam levemente ao vento, anunciando o que se vendia ali: tecidos para vestir uma cidade em construção.

Os primeiros anos de Londrina foram marcados por uma urbanização rápida, mas não sem improvisos. As ruas, ainda de chão batido, eram cortadas por sulcos de carroça, e as calçadas, quando existiam, eram de tábuas ou improvisadas com pedras soltas. A poeira era quase um elemento constante da paisagem, colava nas roupas, invadia as casas e fazia parte da rotina. Nesse contexto, roupas resistentes e tecidos encorpados não eram apenas moda: eram necessidade.

A Casa Brasileira foi uma entre tantas pequenas empresas familiares que alicerçaram o comércio local. Diferente dos grandes magazines que viriam depois, ali se comprava fiado, negociava-se no fio do bigode, e criava-se laços que iam além da relação de cliente e lojista. Era também ponto de encontro, troca de notícias e testemunha da transformação da cidade.

Os tecidos pendurados à porta, grandes padrões xadrez em flanela, mais do que ornamentos, eram produtos que atendiam à vida dura no sertão urbano: camisas para o trabalho no campo, vestidos para os fins de semana na praça, cobertores para as noites frias de um inverno incerto.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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