Quando Londrina chegou aos seus 60 anos, a construção civil local vivia uma das maiores dificuldades da sua história. Em 1994, o Plano Real provocou uma nova revolução econômica que abalou os alicerces da construção civil brasileira. Para as construtoras londrinenses que haviam aprendido a navegar na economia inflacionária, o fim da inflação representou um desafio existencial que exigiu reinvenção completa dos modelos de negócio estabelecidos durante décadas.

A construção civil em Londrina, veterana de múltiplas crises econômicas, viu-se diante de uma medida de política econômica que acabou com a facilidade de captação de recursos. O Plano Real forçou as empresas a se ajustarem a um mundo onde o dinheiro não se multiplicava mais automaticamente pela inflação.

Durante a era inflacionária, as construtoras se beneficiavam de um fenômeno peculiar: era possível comprar materiais no dia 29 do mês e vendê-los no dia 30 por valores substancialmente superiores. Com a estabilização da moeda, essa fonte de lucro extraordinário desapareceu, obrigando as empresas a focar exclusivamente na eficiência operacional e na qualidade dos produtos.

O Plano Real democratizou o acesso ao crédito imobiliário, mas também tornou o mercado mais competitivo e exigente. As construtoras que sobreviveram foram aquelas que conseguiram se adaptar à nova realidade, oferecendo produtos de qualidade a preços competitivos, sem depender dos ganhos inflacionários que haviam caracterizado as décadas anteriores.

Fontes: Dissertação de Viviane Rodrigues de Lima Passos. A verticalização de Londrina: 1970/2000 – a ação dos promotores imobiliários (UEL, 2007); entrevistas com Manoel Alho da Silva. / Acervo Londrina Histórica.

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