Na edição de 26 de novembro de 1958, os leitores da Folha de Londrina despertaram com uma imagem que desafiava a lógica dos trilhos: carros ferroviários retorcidos sobre a mata e muita gente em silêncio ao redor do  local da tragédia. Era o registro do maior desastre ferroviário já ocorrido com um trem de passageiros na região: o descarrilamento do trem P-13, da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (RVPSC), ocorrido na tarde anterior.

O trem, que partira de Maringá com destino a Ourinhos, havia deixado Ibiporã às 14h14 daquela terça-feira nublada. Apenas três minutos depois, às 14h17, o destino alterou sua rota. Em uma curva traiçoeira, três carros de primeira classe — os de prefixos B-77, B-72 e B-82 — se desengataram do carro-restaurante, tombaram e rolaram ribanceira abaixo. A composição, puxada pela locomotiva diesel-elétrica nº 2130, só parou 60 metros adiante, em um silêncio interrompido por gritos e estilhaços.

Cerca de 70 pessoas ficaram feridas. Ao menos cinco delas perderam a vida ainda no local. O impacto do acidente atingiu a confiança da população em um sistema ferroviário que, até então, simbolizava progresso e conexão. Pela primeira vez, os trilhos,  que uniam cidades e sonhos,  mostraram sua face vulnerável.

Naquela época, os vagões de primeira classe, por ironia do destino, sempre eram posicionados na cauda dos trens, os mais afastados da locomotiva. Um gesto de conforto que, naquele dia, se converteu em condenação. A cena registrada na fotografia estampada no jornal — o trilho suspenso como uma ponte para o nada — é hoje uma das imagens mais simbólicas da história ferroviária de Londrina. A tragédia de 1958 também deu início a discussões sobre segurança, manutenção e organização dos comboios. 

Fontes: Blog Londrina Histórica / Acervo Folha de Londrina / Acervo Londrina Histórica. 

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