Sob o sol forte da Londrina da década de 1950, a rua Minas Gerais se apresenta vibrante, um retrato da efervescência urbana de uma cidade que se projetava como capital do café e do progresso. A fotografia de Yutaka Yasunaka, de precisão quase cinematográfica, eterniza tanto uma paisagem quanto o espírito de uma época.

À esquerda, um Ford 1950 estacionado parece posar para a posteridade, com seu brilho impecável refletindo os paralelepípedos da rua. Mais ao fundo, e entre árvores, está uma caminhonete parada na lateral da praça Willie Davids sugerindo o fluxo constante de gente e mercadorias, numa época em que o automóvel ainda era símbolo de status. À direita, um elegante sedã preto repousa quase em frente ao prédio da Associação Comercial de Londrina. No topo, a estátua do deus Hermes (ou Mercúrio), protetor dos comerciantes, observa silencioso a movimentação urbana.

Mais à esquerda da imagem, como um ícone arquitetônico do cenário, ergue-se o Edifício da Companhia de Terras Norte do Paraná. Mais do que sede administrativa, o prédio era um símbolo da colonização planejada que deu origem à cidade. Ao fundo, o altivo edifício Manella ostenta o letreiro “Pneus Pirelli” no topo — uma alusão direta ao avanço da motorização urbana e à influência da indústria estrangeira no cotidiano local.

As sombrinhas coloridas (ainda que invisíveis na paleta em preto e branco da imagem) protegem as mulheres que atravessam a rua. Seus vestidos e passos decididos são indícios da Londrina cosmopolita que começava a se formar, em contraste com a rusticidade de duas décadas antes.

Esse retrato urbano revela um centro em transição: entre o rescaldo do barro vermelho e a promessa de concreto armado. Entre a tradição dos trilhos e a sedução da borracha, simbolizada pelo letreiro da Pirelli. É uma esquina, sim, mas também uma encruzilhada de tempos, ritmos e ambições.

Fontes: Acervo Foto Estrela – Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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