Onde hoje se erguem vitrines iluminadas, corredores modernos e um fluxo constante de londrinenses em busca de lazer e consumo, já pulsou o coração administrativo de uma cidade que ainda dava seus primeiros passos. Na esquina das ruas Maranhão com Mato Grosso, o modesto casarão de madeira retratado na imagem de José Juliani abrigou a primeira Prefeitura e o primeiro Fórum de Londrina — um espaço singelo, mas repleto de simbolismo para quem assistia à fundação de um novo modo de viver no Norte do Paraná.

Ali, entre registros civis, audiências e decisões municipais, formaram-se os primeiros esboços do que seria uma cidade moderna. Não havia pompa, mas havia propósito: administrar, julgar, organizar uma comunidade que crescia entre a terra vermelha e as esperanças de seus pioneiros. Era um tempo em que os poderes Executivo e Judiciário dividiam paredes — e talvez até cadeiras — numa casa que mais parecia residência do que instituição oficial.

Décadas depois, esse mesmo terreno viu nascer o Royal Plaza Shopping, inaugurado em 1999. Hoje, com mais de 130 lojas, praça de alimentação, cinema e estacionamento coberto, o shopping é um dos espaços de convivência mais dinâmicos do centro da cidade. Mas ele não apagou o passado: incorporou-o. O que antes foi local de decisões públicas é, agora, espaço de memórias cotidianas, encontros familiares, paqueras adolescentes e celebrações culturais. O Royal Plaza é, em essência, um palco moderno sobre o qual Londrina continua a escrever sua história.

Este elo entre o antigo e o novo revela algo precioso: o território urbano não é apenas chão — é narrativa. A esquina entre Maranhão e Mato Grosso, ontem berço institucional, hoje é o reflexo do espírito vibrante de Londrina, sempre reinventando-se, mas sem esquecer de onde veio.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss. Acervo José Juliani /  Royal Plaza Shopping / Acervo Londrina Histórica.

Outras publicações:

Londrina

A Serraria Curotto

Londrina

Um corte vertical da memória de Londrina