Londrina

Tratores na mata

1930



Na foto, a mata ainda fala mais alto. É densa, imponente, fecha o fundo da cena como uma cortina de cipós e sombras. Mas à frente, no que parece ser uma clareira recém-aberta, o cenário muda: cinco homens, todos de chapéus ou bonés, se alinham ao lado de uma plaina robusta, puxada por um trator. A plaina, engenhoca de ferro articulado, servia para abrir ruas e estradas. A julgar pelas sombras duras no chão batido, o clique do fotógrafo aconteceu por volta do meio-dia, hora em que o sol castiga e o trabalho pesa mais.

Era a Londrina da década de 1930. Tempo da colonização planejada pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP). Para fazer cidade onde só havia floresta, o primeiro passo era abrir caminhos, literalmente. E foi assim, com tratores, plainas e braços dispostos, que se desenharam as primeiras ruas do que se tornaria o maior polo cafeeiro do mundo nas décadas seguintes.

Esses homens, anônimos no registro, são os agentes do traçado urbano. Migrantes ou contratados pela CTNP, abriram os costados da floresta para que os lotes pudessem ser entregues aos colonos. A máquina que aparece na foto representa o casamento entre técnica e força física, o marco de uma modernidade que avançava no Brasil ainda agrário.

Diferente da imagem romantizada da colonização, esta fotografia nos oferece a dureza do desbravamento. Ela mostra que, antes do asfalto e dos edifícios, houve suor, engrenagem e improviso. Que a cidade nasceu debaixo de sol, ao som do ranger do ferro contra o solo vermelho.

A imagem, embora sem localização exata, resume um dos momentos fundantes de Londrina: o instante em que a mata começou a ceder espaço à cidade. E a história, como a plaina, foi rasgando seu caminho.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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