O ano é 1959 e a cena é solene, carregada de gravidade e expectativa. João Goulart, então ministro do Trabalho e figura central da política nacional, discursa diante de um público atento, em homenagem a Abilon de Souza Naves, que havia falecido há pouco tempo, aos 54 anos.

Souza Naves era mineiro de origem, mas fez carreira política no Paraná, onde se elegeu senador em 3 de outubro de 1958, sendo o primeiro senador eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no estado. Político de grande habilidade, estaria virtualmente eleito governador nas eleições que se realizariam em 1960.

A fotografia mostra o ambiente, densamente preenchido por homens de terno escuro, típico das solenidades da época: microfones captando o timbre das palavras, copos de água repousando sobre a mesa e olhares que, mais do que ouvir, parecem estudar cada gesto do orador. É um retrato do Brasil pré-64, ainda à flor da institucionalidade democrática, onde política e retórica andavam lado a lado.

Jango, como era conhecido, aparece no centro da cena, dominando o espaço com seu papel de articulador das massas trabalhadoras. Seu discurso em Londrina tinha múltiplos significados: além da deferência a Souza Naves, a presença de Goulart reforçava o vínculo da cidade com o cenário nacional. Londrina, àquela altura, era símbolo do progresso do Norte do Paraná e peça estratégica nos tabuleiros da política brasileira.

Esse registro captura a energia política de um país em movimento, ainda distante da ruptura institucional que viria poucos anos depois. Jango, que assumiria a presidência em 1961, já antecipava, com sua presença marcante, os embates que viriam entre conservadorismo e reforma.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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