Na imagem em preto e branco, turmas inteiras de meninos e meninas, de uniformes claros, perfilam-se à frente de um prédio recém-construído. O cenário ainda guarda marcas da terra batida e do improviso. O que se vê é o Grupo Escolar Hugo Simas, um marco na história educacional e urbanística de Londrina, em uma foto registrada pelo pioneiro fotógrafo José Juliani, no final dos anos 1930. Ao fundo, algumas crianças e operários posam sobre o telhado ainda inacabado, como testemunhas de uma cidade que se erguia às pressas.

Publicada pelo extinto Jornal de Londrina em 10 de janeiro de 2015, o repórter Marcos Cesar Gouvea destacou na reportagem “A história do Norte do Paraná revelada nas paredes da escola” a relevância da arquitetura escolar como expressão da modernidade desejada pela elite fundadora da cidade. O artigo resgata a pesquisa conduzida pelos professores Fábio Luiz da Silva e Fabiane Tais Muzardo, da Unopar, que investigaram a arquitetura das escolas públicas de Londrina e sua relação com a pedagogia e o projeto civilizatório em curso desde os anos 1930.

O Hugo Simas foi a primeira escola de alvenaria de Londrina, a anterior, de madeira, ocupava apenas 10 metros quadrados e atendia somente meninos. Com o crescimento populacional e o discurso civilizador promovido pelo interventor Manoel Ribas, a nova escola foi construída em alvenaria no estilo art déco, símbolo da racionalidade e da modernidade. O nome homenageia Hugo Simas, advogado e político paranaense, defensor da educação pública.

O Grupo Escolar Hugo Simas representou uma ruptura com o improviso do sertão. Foi um divisor entre a precariedade inicial e o projeto de cidade que Londrina almejava ser. A própria proibição de construções de madeira no centro da cidade, ainda na década de 1930, reforça a importância simbólica da escola como monumento do progresso.

Fontes: Silva, Fábio Luiz da / Muzardo, Fabiane Tais – Artigo “Escola e civilização no sertão do Tibagi” / Arquivo Gazeta do Povo / Acervo fotográfico: José Juliani / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica. 

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