A fotografia mostra a Igreja Matriz de Londrina em 1939 numa perspectiva do bosque municipal onde se visualiza, além da igreja, uma árvore e o próprio chão exposto. A árvore é muito alta e chama a atenção: tronco claro, base alargada e copa aberta que recorta o céu. Ao fundo, o templo aparece com telhado inclinado de duas águas, janelas estreitas e uma pequena cruz no vértice do frontão.

O enquadramento, porém, diz mais: a igreja é grande o bastante para organizar o campo visual, mas ainda parece proporcional ao vazio em torno dela. Quase não há sinais de rua consolidada, calçamento ou edificações vizinhas; o cercado simples marca um limite e expõe que a cidade ainda negociava onde terminava o lote e começava o espaço comum.

Em 18 de maio de 2024, a página do Facebook “Londrina e Norte do PR : Memórias e Fotos Atuais”, um dos principais trabalhos na internet sobre a memória de Londrina, republicou a foto e os comentários deslocaram a atenção do edifício para a árvore. Um leitor escreveu: “Tenho pra mim que essa árvore maior era um Pau Marfim… madeira firme… melhor ainda pra mourão de porteira”. Outro contrapôs: “Se fosse mais frondosa… diria que seria uma figueira real… assim como Pau D’alho”. A dúvida virou método: olhar de novo, comparar, argumentar.

Esse debate sobre a árvore, à primeira vista lateral, leva a um aspecto central da memória urbana. A matriz pode ter sido alterada, substituída ou ampliada ao longo das décadas, mas neste caso o que chama o olhar é o que parece mais antigo do que o prédio: o tronco, a sombra, a presença vegetal como referência espacial. A paisagem funciona como régua para imaginar a escala do templo e o cotidiano ao redor.

Fontes: Facebook “Londrina e Norte do PR : Memórias e Fotos Atuais” (post de 18/05/2024 e comentários) / Legenda da imagem (“Carlos Stenders / MHL / LNPR”) / Acervo LNPR / Acervo Londrina Histórica.

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